terça-feira, 3 de março de 2009

FLORBELA ESPANCA



O primeiro soneto que eu li de Florbela, foi na faculdade de Letras, eu cursava a UFRJ. Eu fiquei um tempo inerte na frente daquele soneto absorta e maravilha e o decorei se chamava “Os Versos Que Te Fiz” e nunca mais pude esquecer Florbela. O sofrer por amar, o lirismo tendencioso a dor de amar intensamente...tudo isso é lindo demais...

Um pouco de Florbela Spanca a grande poeta (poetiza) Portuguesa




Nascida em Vila Viçosa, a 8 Dezembro de 1894, batizada com nome de Flor Bela Lobo.
Em Outubro de 1899, Florbela começa a freqüentar o ensino pré-primário, passando a assinar Flor d'Alma da Conceição Spanca,
algumas vezes, opta por Flor, e outras, por Bela.
Escreve sua primeira poesia com apenas oito anos,
em novembro de 1903, " A Vida e a Morte".
Mostrando uma admirável precocidade e anunciando, desde já, a opção por temas que, mais tarde, virá a abordar de forma mais complexificada.
Em 1907, Florbela aponta os primeiros sinais de neurastenia, doença que a acompanha, até os últimos dias de vida e escreve o seu primeiro conto, "Mamã!". Em 1908, Antónia Lobo, a mãe de Florbela morre vítima de neurose, após o que a família se desloca para Évora, para Florbela prosseguir os seus estudos no Liceu André Gouveia, com o chamado Curso Geral do Liceu, cuja sexta classe (próxima do 10º ano atual) completa em 1912.
Florbela reata o namoro com Alberto Moutinho e, a 8 de Dezembro, uma vez emancipada, casa com ele, pelo civil, aos 19 anos.
Em 1914 Florbela recita numa festa do colégio, pela primeira vez, versos seus em público.
Em 1917, conclui o curso liceal, em Évora, matriculando-se em seguida na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. No mesmo ano, publica Livro de Mágoas, o primeiro livro de poemas. Seguem-se Livro de Sóror Saudade, em 1923 e, postumamente, Charneca em Flor e o livro de contos As Máscaras do Destino (1931).
Casada várias vezes, sendo infelizes em todos elas.
Sofria de várias doenças e fobias. Embora também tenha escrito em prosa, Florbela Espanca é conhecida sobretudo pelos seus sonetos, os quais têm sido objeto de sucessivas edições. Prolongando o gosto finissecular, a obra de Florbela acentua a nota pessimista e a atitude de sofrimento inerente à condição do Poeta
Suicida-se a 8 de Dezembro, em Matosinhos, dia do nascimento e do primeiro casamento, cerca das duas horas, com dois frascos de Veronal.
A poetiza só veio a ser conhecida depois de sua morte...






OS VERSOS QUE TE FIZ
Florbela Espanca

Deixe dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Tem dolencia de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !

Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !

Amo-te tanto ! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz

"FANATISMO"

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim.

"SE TU VIESSES VER-ME"

A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra:
esse sabor que tinha a tua boca...
o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte...
os teus abraços...
Os teus beijos...
a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti..

"SILÊNCIO!"

No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...

Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!

Estou junto de ti, e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se pousou e se perdeu!

Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...

Florbela Espanca


Vou colocar aqui, o Comentário da Dorinha 9 (Dorinha
Apalhão) Uma de minhas amigas portuguesas, do Cybercook
que eu admiro e é querida para mim. Uma jóvem mamãe culta,
inteligente e sensível.

Comentário de Dorinha:
"Acho lindo o poema "se tu viesses
ver-me" mas o meu poema preferido de
florbela Espanca é "ser poeta". Um
cantor portugues chamado Luis Represas
canta este poema lindamente, vc já
ouviu?"

SER POETA:

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens!
Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Florbela Espanca, «Charneca em Flor»,
in «Poesia Completa»)






Comentários de Minhas Amigas:

Helia disse...
Miga, eu tenho essa musica. Linda, terna...romantica como os portugueses sabem ser. Mais uma coisa em comum..rsss
bjoooo
11 de Fevereiro de 2009 11:59

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Bem Vindos-2530