sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

ODE AO GATO


Eros o meu gatão amado; meu companheiro de pc...folgado demais ah isso é verdade, mas a mamãe adora!


Eros chocando rsrs Não parece um galinhão?


Nessa minha primeira postagem, eu resolvi falar de uma das minhas maiores paixões GATOS.


Gato foi na minha infância e adolescência um animal proibido. Minha mãe tinha fobia a gatos, e desde pequena,cresci ouvindo as piores coisas sobre os bichanos. "Gato é traiçoeiro, não gosta do dono, gosta da casa, é arisco e perigoso, transmite asma, causa alergias, mata bebês com ciúmes dos donos, é animal de bruxas". Se fosse preto então...dá má sorte, traz azar...e por aí em diante. Então eu e meus irmãos tínhamos o gato como animal “non grato” e perigoso. Minha mãe era teatral e tão grande era sua cisma com gatos; que presenciei (hoje hilária, mas na época terrível) a cena terrível e assustadora, de um gato entrar no restaurante onde nós, eu meu pai,minha mãe, irmãos e alguns parentes, estávamos almoçando, e minha mãe, subiu em cima da mesa gritando “tira essa bicho daqui” e teve que ser acalmada com água com açúcar. Meu pai sofria calado com sua paixão felina; o gato sempre foi seu animal preferido e quando criança ele morava num Sítio no interior do Ceará na Serra de Baturité, chegou a criar 22 gatos; pasmem! E só mais crescida eu fui saber disso. Morei um tempo também no interior e logo quis criar um cachorro. Na época meu ex marido me fez uma surpresa; chegou em casa, com uma caixinha embrulhada em papel de presente, mas toda furadinha e me entregou sem nada dizer. Eu estranhei sem entender que o que fosse que estivesse dentro da caixa era pequeno demais, mas estava vivo! Quando eu abri a caixa, foi paixão a primeira vista; um casal de gatinhos siameses com menos de dois meses de idade, saltou para o meu colo miando e me olhando com aqueles lindos olhinhos azuis. Minha paixão por esses bichinhos fofos desde então, foi só crescendo tanto; que até hoje eu tenho sempre dois siameses ao meu lado; mesmo que ame também as outras raças e todos os tipos de gatos. Então quando li essa crônica do Arthur da Távola, logo identifiquei o misto de sentimentos tão profundos que me ligam à essas animais maravilhosos.
E para expressar com exatidão o que significa; só mesmo esta cronica do Artur da távola.


ODE AO GATO:

Bichos polêmicos sem o querer, porque sábios, mas inquietantes, talvez por isso. Nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece. O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. Só as saudáveis. Lembrei, então, de dizer, dos gatos, o que a observação de alguns anos me deu. Quem sabe, talvez, ocorra o milagre de iluminar um coração a eles fechado? Quem sabe, entendendo-os melhor, estabelece-se um grau de compreensão, uma possibilidade de luz e vida onde há ódio e temor? Quem sabe São Francisco de Assis não está por trás do MagoMerlin, soprando-me o artigo? Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso. "Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser. O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é espelho. O gato é zen. O gato é Tao. Eleconhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige. Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês.Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão,o gato sabe. E se defende do afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso , quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento. O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós). Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, ele se afasta. Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe "ler" pensa que "ele não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir. O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge portátil à disposição de quem o saiba perceber. Monge, sim, refinado, silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante , à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas. O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhososos irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação,quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se(até na higiene) a si mesmo como o gato!Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se coma massagem mais completa em todos em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo. O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo,a qual ama e preserva como a um templo. Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio.Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones. Lição de alimentação e requinte.Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida,enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências. O gato é uma chance de interiorização e sabedoria posta pelo mistério à disposição do homem.

Artur da Távola



Diana é o xodó do pai dela. Felina e mística demais. Diana é atenta e toma da casa como uma sentinela. Ela é linda demais!

COMENTÁRIOS DE MINHAS AMIGAS:

Nena disse...
Bela postagem amiga, complementada com a do Artur da Távola. Não conhecia todas essas sutilezas do gato. Como sempre vc me ensinando.
bjos estrelados.

4 de Outubro de 2008 23:21

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